Crianças entre 6 e 12 anos estão em uma fase de
desenvolvimento em que começam a questionar regras e a experimentar emoções
mais complexas. É comum, nessa idade, surgir uma certa rebeldia, como
desobediência ou atitudes desrespeitosas. Muitas vezes, esses comportamentos
são reflexos de sentimentos internos que a criança ainda não sabe como lidar.
Para ajudar seu filho a mudar suas atitudes e entender seus valores, é
essencial combinar o entendimento emocional com abordagens práticas como a
dissonância cognitiva.
Quando o comportamento reflete emoções, não valores.
É importante entender que, às vezes, o comportamento rebelde
de uma criança não é uma rejeição dos valores ensinados, mas sim um reflexo de
sentimentos como frustração, tristeza ou até insegurança. Um exemplo clássico
pode ser o desrespeito em casa, como responder com grosseria ou ignorar ordens.
Vamos imaginar que seu filho de 10 anos começa a levantar a voz sempre que você
pede para ele fazer o dever de casa ou arrumar o quarto. É natural pensar que
ele está sendo desobediente, mas esse comportamento pode estar ligado a algo
mais profundo, como se sentir sobrecarregado ou desvalorizado.
Como a dissonância cognitiva e punições brandas podem ajudar
Quando o comportamento rebelde aparece, uma punição severa, como tirar o videogame por uma semana, pode até fazer com que a criança obedeça no momento, mas ela já terá uma justificativa clara: "Estou fazendo isso porque se eu não fizer, vou perder algo que gosto". Aqui, a justificativa é puramente externa, e o aprendizado do valor por trás da atitude se perde.
Agora, se você usar uma punição mais branda, como um olhar severo ou uma conversa curta, mas firme, o cenário muda. Vamos voltar ao exemplo: seu filho levanta a voz quando você pede para ele fazer o dever de casa. Em vez de gritar de volta ou impor um castigo pesado, você o olha com seriedade e diz calmamente: "Eu não gosto de ser tratado assim, e isso não é algo que você costuma fazer. Eu espero que você pense sobre o que está acontecendo".
Aqui, a punição é leve o suficiente para gerar uma reflexão.
Seu filho, então, começa a se perguntar: "Por que eu estou agindo assim?
Por que eu levantei a voz para minha mãe?". Como a punição não foi grave,
ele não tem uma justificativa clara e externa. Isso gera dissonância
cognitiva, e a melhor forma de resolver esse desconforto é encontrar uma
explicação interna, como perceber que está agindo assim porque está frustrado
com a escola ou porque se sente pressionado.
A importância de entender os sentimentos
Esse processo também ajuda a criança a se conectar com suas emoções. Aos poucos, ela começa a perceber que o comportamento rebelde pode não refletir seus valores, mas sim emoções mal compreendidas. Esse é o momento em que você, como pai ou mãe, pode ajudar a criança a dar nome aos sentimentos. Pergunte algo como: "Você está se sentindo cansado? Ou tem algo na escola que está te preocupando?".
Jogos, conversas abertas e sinceras e exemplos prórios podem ajudar seu filho a se abrir e entender o que está acontecendo, quais são seus reais sentimentos por trás de uma atitude impulsiva ou aparente tristeza ou desânimo. A partir dessa compreensão, a mudança de atitude se torna mais natural, porque ele começa a entender que, na verdade, não quer agir daquela forma, e que há uma maneira melhor de lidar com suas emoções.
Permitir que seu filho crie suas próprias justificativas internas para seus comportamentos, ao invés de agir apenas para evitar uma punição, é uma das maneiras mais eficazes de ensiná-lo valores que irão. Quando ele entende que não quer agir de maneira rebelde porque prefere se expressar de forma respeitosa e porque reconhece seus sentimentos, você está ajudando-o a desenvolver uma maturidade emocional que o acompanhará para o resto da vida.
Lembre-se, as atitudes muitas vezes são apenas a ponta do iceberg. Entender os sentimentos que estão por trás delas, e ajudar seu filho a fazer o mesmo, é a chave para uma mudança permanente.